| Bom dia a todos!
Flávia Loureiro, grato pela atenção.
Desculpe-me a demora, é que me dei o final de semana de folga... rs
Sinto-me meio que frustrado pela minha incapacidade de me fazer compreender, mas entendo também que esse é um aprendizado, aprender a escutar, aprender a falar, aprender a conviver.
Não entendi porque falastes isso: Sugiro que reveja e considere que todos nós somos necessitados. Não sei em que momento te pareceu que eu não considero que todos nós somos necessitados. Acredito nisso, somos TODOS carentes, carente de amor, amor na forma de respeito, compreensão, atenção, justiça, solidariedade, humanidade.
Ou seja, não apenas de bens materiais. Mas, entendo também, que a cada dia mais pessoas estão vivendo abaixo da linha da pobreza, e o pior, a cada dia uma minoria vem acumulando mais riqueza. É essa informação que precisa ser transparecida: quem está se beneficiando com esse modelo excludente? Flávia, essa informação NÃO está registrada em nenhum lugar!
Não sei se tens lido todas as minhas mensagens, mas o que estou propondo resumidamente, duas propostas objetivas já foram colocadas para discussão, é que se elabore o Planejamento Estratégico da Informação Brasileira, não cabe mais cada gestor armazenar o que bem entende, entendes?
A informação tem poder! A sociedade é quem tem que dizer o que armazenar, quem armazenar, quando armazenar, quem acessar etc.. Ou como bem falas: É necessário entender que Controle Social é participação de todos em ambos os sentidos. Da mesma forma a manutenção das bases de dados públicas tem que ser feita, controlada, transparecida... por todos!
Como falei, trabalho com tecnologia da informação a mais de 30 anos, não sou nenhum gênio, bem pelo contrário, tenho um tanto de dificuldades para compreender as coisas, necessito de tempo para aprender novos conhecimentos, mas tenho uma experiência prática.
Hoje trabalho na prefeitura de Maceió e tenho contato com bases de dados da Receita Federal, da secretaria de fazenda do estado de Alagoas, da Junta Comercial, entre outras. Mantenho contato com pessoas de tecnologia da informação de várias esferas e te afirmo, o que se tem, e não é uma opinião só minha, esses dados que encontramos sobre municípios... são desqualificados, desorganizados, duplicados... ou seja, não representam a realidade.
Acreditas que o que está armazenado na contabilidade de um órgão, secretaria, prefeitura, estado, esfera federal etc. representa a realidade do que acontece financeiramente?
Flávia, te digo, é brincadeira o que encontramos registrado nas bases de dados públicas. Porque? porque quem está definindo o que armazenar, como armazenar, quando armazenar, onde armazenar etc. não tem o menor interesse de armazenar dados verdadeiros. E é isso que vamos transparecer?
Em Maceió, por exemplo, a pessoa que possui mais imóveis, segundo as nossas bases de dados, ou seja, um riquíssimo contribuinte, é o Odarongi da Silva, que se observares, é ignorado escrito ao contrário. Ignorado = Odarongi. A prefeitura ignora quem é o dono do imóvel, e te afirmo que é impossível a prefeitura SOZINHA conhecer todos os proprietários de imóveis de uma cidade.
Você pergunta: Quando os pais vão avisar que tem mais uma criança? Que tem uma alergia? Que mudaram de telefone? De endereço ou de cidade? Já viu paciente ligar avisando para desmarcar consulta? Fala ainda do funcionário que cadastrou o gato como filho...
Eu entendo que NÃO é o pai quem deve avisar, é para o hospital e/ou o cartório avisar, avisar não, registrar em uma base única o nascimento, é para a clínica registrar a alergia, a escola registrar o histórico escolar, a empresa em que a pessoa trabalha registrar o salário pago, é para a empresa que vendeu o telefone registrar o celular adquirido, é para a loja de carros registrar o automóvel adiquirido, é para o locatário registrar... Não se preocupe se a base única vai ficar grande, hoje temos condições tecnológicas suficientes para manter os dados que quisermos, a questão é que NÃO é a sociedade que está definindo o que armazenar.
Existe uma base de dados no Banco Central do Brasil que recebe TODAS as movimentações de TODOS os bancos do Brasil. Entende? Todos os depósitos e saques que você fez em todas as suas contas bancárias está centralizado, duplicado, lá em uma base de dados em uma salinha do subterrâneo do Banco Central, e aí vem a pergunta, quem e como está utilizando esses dados? Para que estão utilizando esses dados? Podes imaginar?
Não quero EU juntar tudo, não quero EU ter um software, sei destes softwares livres da qual falastes, pesquisamos e sugerimos a utilização de alguns aqui na prefeitura, mas o gestor público prefere aquela solução milagrosa que custa milhões de reais, normalmente de uma empresa de um amigo, ou que já vem pré determinada de Brasília. Deves saber bem o motivo desta escolha do gestor...
Mas a questão principal não é o aplicativo, é sim a qualidade dos dados que serão manipulados pelo aplicativo. E acredite, temos condições humanas e tecnológicas que permite a existência de uma base de dados única brasileira, só a título de exemplo, hoje existe um cartão magnético, do tamanho de um selo de correio, que permite armazenar TUDO que tem registrado em TODOS os computadores de TODOS os órgãos e secretarias da prefeitura de Maceió.
Existe condições tecnológicas para que possamos saber exatamente o que se tem no solo brasileiro e quem são os proprietários, temos condições para ter um cadastro real da população brasileira, temos condição de saber quais são as empresas, temos condição de não permitir os desvios, e sim, para isso, necessitamos que toda a sociedade, pública e privada, participe deste planejamento.
Por exemplo, a prefeitura, mesmo que contrate mais e mais fiscais, não tem condições de fiscalizar o crescimento da cidade, então o que se necessita é que a população possa, quando ver os tijolos sendo colocados em um determinado terreno, entrar em um sistema, que esteja na esquina de sua casa, e informar essa ocorrência, ou seja, avisar que naquele ponto, naquele terreno, colocando o dedo no terminal de computador, apontando no mapa, vai ser construído algo, e que o sistema, de forma automatizada, sistêmica, verifique no plano diretor, no plano de expansão, se ali pode ser construído algo, se tem o aval da prefeitura etc. e informe aos responsáveis, entendes?
Você pergunta: Aonde estão os integrantes dos conselhos gestores de saúde, tutelares, ... para fiscalizar quem recebe? Afinal, se trata das verbas do orçamento do Bolsa Família. Acreditas que HOJE se tem condição para que os integrantes fiscalizem quem recebe? Como eles farão isso em São Paulo por exemplo? Vão na casa de cada família? vão pesquisar em todos os cartórios? vão verificar a declaração do IR de cada um? É inviável Flávia!
Podemos sim, tendo bases de dados qualificadas, fazer com que o sistema aplicativo faça essa verificação automaticamente. Na hora em que for informado uma família o sistema de forma automática vai verificar o patrimônio de cada pessoa da família, a quantidade de filhos, a renda etc. e ver se a pessoa tem esse direito, ou melhor ainda, o próprio sistema aplicativo vai listar todas as pessoas/famílias que estão no direito de receber o benefício, sem a necessidade das filas, dos recadastramentos etc..
Acredite, isso é POSSÍVEL, mas se faz necessário a QUALIFICAÇÃO de nossas bases de dados, não o constante recadastramento, o dinheiro gasto com recadastramento sem a preocupação de depois se manter a informação atualizada é dinheiro público desperdiçado. A informação é recadastrada e já está desatualizada, pois ela está parada.
A informação é dinâmica, está em constante atualização, está constantemente se modificando, por isso TODA a sociedade necessita participar de sua manutenção, mas para tal, se faz necessário a elaboração de um PLANEJAMENTO.
Não é cansativo em todo o lugar que se chega ter que se identificar, nome, filiação, endereço, telefone, estado civil etc.? Quero chegar no hospital, colocar a minha digital e o sistema informar toda a minha vida hospitalar, quero que quando for me inscrever em um concurso, da mesma forma, o sistema informar o meu curriculo sem eu ter que apresentar uma quantidade de documentos, provar que eu sou eu, que eu tenho essa formação.
Falas em cruzar a informação. Flávia, hoje é inviável. Porque? Porque não existe padronização, não existe uma chave única. Por exemplo, se o gestor público quiser mostrar no mapa, com uma ferramenta de geoprocessamento, os imóveis que possuem ligação de luz, água, gás, saneamento etc. eu terei que pegar esses dados em cada uma destas concessionárias. Agora, observe em suas contas se o endereço de cada uma dessas concessionárias é o mesmo. Já morei em um apartamento que cada uma delas tinha um bairro diferente, ou seja, para o sistema serão 4 imóveis distintos, um tem água e não tem o resto, e assim sucessivamente. Entendes? Para o sistema são imóveis diferentes, localizados em locais diferentes. O sistema não consegue saber que as ruas deputado José Lages e dep. José Lages são as mesmas, para o sistema são ruas diferentes.
Mas, a forma que EU acho que deva funcionar é a MINHA interpretação, é apenas uma sugestão, porque o que importa é que essa discussão seja levada para a sociedade, que a sociedade execute o Planejamento Estratégico da Informação Brasileira.
Por exemplo: eu posso saber qual o seu patrimônio? Eu sinceramente acho que sim, acho que o sigilo só interessa a uma minoria que está usurpando, se apropriando indevidamente do que a sociedade vem produzindo e do solo brasileiro, mas quem tem que definir isso é a sociedade.
Entendo que no plebiscito das armas quem ganhou foi o capital, mas o principal ganho foi o debate que a sociedade travou, foi o aprendizado da prática da decisão democrática.
Vou parar por aqui, me desculpado pelo tamanho do texto, e esperando que tenha acrescentado algo...
Que tenhamos TODOS uma semana bemmmmmmmmmmmmmmmmmm boa!
Saúde e Paz!
André Weinmann Carneiro 82 9973-5068 msn erdnacarneiro@hotmail.com |